A agricultura mineira vive um novo momento. Desde julho, quando o governador Romeu Zema assinou o decreto que regulamenta a Nova Política de Agricultura Irrigada Sustentável, pequenos e médios produtores passaram a ter mais acesso a outorga d’água, tecnologias de irrigação e sistemas de reserva hídrica — recursos antes distantes da realidade de muitos agricultores, especialmente no Norte de Minas.
A repercussão foi imediata. O 2º Seminário Mineiro de Irrigação, realizado em agosto em Montes Claros, reuniu quase mil participantes, um público recorde que lotou o auditório do Parque João Alencar Athayde. Agricultores de diversas cidades vizinhas se deslocaram em caravanas para conhecer de perto as mudanças.
Segurança jurídica e novas oportunidades
Segundo Ariel Chaves, assessora-chefe do Núcleo de Gestão Ambiental da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a medida é um marco para o agro mineiro.
“O decreto facilita a aprovação de projetos de irrigação e permite a reserva de água nos períodos chuvosos para utilização nos meses de seca. É uma conquista sobretudo para os agricultores familiares”, destacou.
A elaboração do texto contou com técnicos da Seapa, da Secretaria de Meio Ambiente (Semad), do Instituto Mineiro de Águas (Igam), do Instituto Estadual de Florestas (IEF), além de especialistas da Emater, IMA e Epamig. A principal mudança está na flexibilização de regras que dificultavam o acesso de pequenos produtores a tecnologias como pivôs de irrigação, gotejamento e poços artesianos.
Impacto na bacia leiteira
O município de Icaraí de Minas, com 12 mil habitantes e 450 pecuaristas de leite, ilustra bem a expectativa. Duas cooperativas locais já enfrentavam queda de produção de até 40% nos últimos anos devido à seca. Agora, produtores como Josimar de Almeida enxergam novas perspectivas.
“Irrigar é um sonho antigo. Com acesso à água, vamos dar um salto de produtividade”, afirmou.
Na Cooperleite, uma das cooperativas do município, a coleta diária gira em torno de 12 mil litros de leite, mas já foi de 1,2 milhão por mês em períodos mais favoráveis. A aposta é que a irrigação garanta melhores pastagens, sobretudo para a silagem de milho que sustenta o gado no período seco.
Histórias de transformação
O exemplo da família do produtor Edmilson Alves dos Santos mostra como a irrigação pode ser decisiva. Com apoio de um poço artesiano aberto há duas décadas, ele conseguiu implantar área irrigada de pasto, aumentando a qualidade da alimentação do rebanho. Hoje, com a participação da esposa Nilma e do filho Luiz Felipe, estudante de Agronomia, a família produz 600 litros de leite por dia, fornecendo para uma multinacional que remunera pela qualidade do produto.
“Dá gosto ver os animais bem alimentados. Eles produzem mais e parecem até sorrir”, conta Luiz.
A importância da atuação coletiva
Ariel Chaves aconselha que os produtores se organizem em associações, sindicatos ou cooperativas para facilitar o acesso às novas oportunidades.
“Ir a muitas mãos é mais fácil. A Seapa está disponível para orientar sobre documentação, procedimentos e as especificidades de cada caso”, disse.
Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail cpar@agricultura.mg.gov.br
Fonte: Agência Minas
Crédito: Governo de Minas
Edição: Geane Vidal Nicácio