O Governo de Minas Gerais e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciaram, nesta quinta-feira (28), a concessão das patentes nacional e internacional da vacina Calixcoca, desenvolvida contra a dependência de cocaína e crack. A inovação já conta com registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e nos Estados Unidos.
O anúncio ocorreu durante a solenidade de comemoração dos 40 anos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), realizada em Belo Horizonte, com a presença do governador Romeu Zema, da reitora da UFMG, Sandra Goulart, e de diversas autoridades.
Investimento para testes clínicos
Com aporte de R$ 18,8 milhões do Governo de Minas, será possível dar início à etapa de testes clínicos em humanos, considerada fundamental para viabilizar a aplicação da vacina em larga escala. Do total, R$ 10 milhões são oriundos da Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG) e R$ 8,8 milhões da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG), por meio da Fapemig.
Em 2024, já haviam sido repassados R$ 14,6 milhões, além de R$ 1,69 milhão em 2025. Outros R$ 2,6 milhões estão previstos para 2026 e 2027. Paralelamente, chamadas públicas da Fapemig já destinaram R$ 500 mil ao projeto.
“Quero parabenizar todos os parceiros que participaram ativamente da questão da Calixcoca, que vai trazer um avanço muito grande neste problema social que é a dependência química. Este é um passo importantíssimo da nossa ciência”, destacou o governador Romeu Zema.
Segundo o secretário de Estado da Saúde, Fábio Baccheretti, a vacina é inédita por atuar no consumo de cocaína e crack e já apresentou resultados promissores em animais, reduzindo significativamente os efeitos da droga.
Reconhecimento internacional
Diferente de outras vacinas já testadas no mundo, a Calixcoca é não proteica, baseada na molécula sintética V4N2 (calixareno), que induz a produção de anticorpos capazes de se ligar à cocaína no sangue, impedindo que ela atinja o cérebro. Além de reduzir a dependência, os estudos em animais mostraram menor incidência de abortos espontâneos em ratas prenhes expostas à droga e maior resistência dos filhotes.
A pesquisa já foi premiada internacionalmente, recebendo o Prêmio Euro Inovação na Saúde (2023) e o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica (2023).
Fapemig celebra 40 anos
Durante a cerimônia, também foram destacadas as conquistas da Fapemig, que completa 40 anos consolidada como uma das principais agências de fomento científico do país. Para 2025, a previsão é de investimentos superiores a R$ 560 milhões, dentro da meta de alcançar R$ 1 bilhão em ciência, tecnologia e inovação até 2026.
“O papel da Fapemig é fundamental. Temos orgulho de contribuir para o ecossistema mineiro e brasileiro de ciência e inovação, gerando soluções que impactam diretamente a saúde, o bem-estar e a economia”, ressaltou o presidente da fundação, Carlos Alberto Arruda de Oliveira.
Cooperação em segurança alimentar
Na mesma ocasião, foi firmado um acordo de cooperação técnica entre Minas Gerais e Paraná para o desenvolvimento de pesquisas em melhoramento genético da soja e do feijão, culturas centrais para o agronegócio nacional. A primeira chamada pública vai destinar R$ 10 milhões a pesquisas em genômica e microbioma dos solos.
Fonte: Agência Minas
Crédito: Divulgação / Governo de Minas