Advogado citou fala de Jesus e desagradou o presidente da Corte.
Em 7 de abril de 2021 - Por GOSPEL PRIME - Da Redação - Matéria retirada do portal GOSPEL PRIME
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Ministro Luiz Fux (Foto: Reprodução/STF)
O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu nesta quarta-feira (7) uma fala do advogado Luiz Gustavo Pereira da Cunha, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que usou um trecho da Bíblia para criticar os ministros que votarão pelo fechamento inconstitucional das igrejas e templos religiosos.
A critica do advogado se deu enquanto o plenário do Supremo analisava a controvérsia, após as decisões conflitantes dos ministros Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes, sobre a autoridade de governadores e prefeitos para impor o fechamento das igrejas.
“Para aqueles que hoje votarão pelo fechamento da Casa do Senhor, cito Lucas 23, versículo 34: ‘Então ele ergue seus olhos para o céu e disse: Pai, perdoa-lhe, porque eles não sabem o que fazem'”, disse Cunha.
O PTB acompanha a ação na condição de “amigo da Corte”, uma espécie de assistente que pode se manifestar nos autos e elaborar documentos para subsidiar os ministros na formação dos votos.
Após as falas do advogado-geral da União, André Mendonça, e do procurador-geral da República, Augusto Aras, e das sustentações orais das partes envolvidas no processo, Fux fez uma breve intervenção no julgamento.
“É preciso, em nome da Corte, repugnar, movido por um sentimento ético, a fala do advogado que dirigiu-se à Corte invocando a declaração de Jesus em Lucas 23-24 perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem. Essa misericórdia divina é destinada aos destinatários que se omitem diante dos males, e o STF, ao revés, não se omitiu, foi pronto e célere numa demanda que se iniciou há poucos dias atrás”, disse Fux.
Apesar de tentar dar tom de moralidade aos integrantes da Corte, o STF vem sendo alvo de muitas críticas da sociedade, a medida em que atua de forma a desrespeitar a Constituição. O presidente do Supremo enfatizou sua indignação com a fala do advogado.
“Esta é uma matéria que nos impõe uma escolha trágica e que nós temos responsabilidade suficiente para enfrentá-la, nossa missão de juízes constitucionais além de guardar a Constituição, é de lutar pela vida e pela esperança, e foi com essa prontidão que a Corte se revelou, na medida em que estamos vigilantes na defesa da humanidade. De sorte que eu repugno esta invocação graciosa da lição de Jesus”, acrescentou o ministro do STF, antes de suspender a sessão para um intervalo regimental de trinta minutos.