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“Donald Trump será destituído”, diz o professor que previu seu triunfo eleitoral
Internacional
Publicado em 21/11/2016

 

 

Allan Lichtman sobre las Elecciones de EE UU
O presidente eleito, Donald Trump. MICHAEL REYNOLDS EFE

O professor de história Allan Lichtman previu em setembro que o candidato republicano, Donald Trump, ganharia as eleições presidenciais de 8 de novembro. O professor prediz agora que Trump sofrerá um impeachment. Entre estantes, pastas de documentos e garrafas vazias de refrigerante, Lichtman responde as perguntas de EL PAÍS.

Pergunta. Por que prevê que Trump será destituído?

Resposta. Essa é uma previsão baseada nos meus próprios instintos, não segui nenhum tipo de análise, como tinha, sim, feito com a previsão da vitória do republicano. Mas há duas razões:

A primeira é que Trump é uma pessoa incontrolável, uma bala perdida. Isso não agrada os republicanos do Congresso. Estão nervosos, ninguém sabe realmente o tipo de políticas que Trump apoia. Prefeririam ver o previsível, cristão e conservador Mike Pence, o vice-presidente de Trump, como presidente.

Além disso, Trump mostrou diversas vezes ser alguém que respeita pouco a lei. O Departamento de Justiça demonstrou que discriminava os afro-americanos nos processos de contratação de suas empresas. Sua fundação (Fundação Trump) não está registrada como uma ONG no Estado de Nova York, onde opera, algo que é ilegal. Foi demonstrado que essa mesma fundação fez doações ilegais para a campanha do magnata. Há muitas evidências de que Trump também usou essa fundação para pagar dívidas pessoais.

Trump também violou o embargo contra Cuba quando isso era um crime sério. Doze mulheres alegam que ele as assediou sexualmente, alguma delas poderá denunciá-lo. E não nos esqueçamos que foi a denúncia de Paula Jones que abriu a porta para o impeachment de Bill Clinton.

P. Que raciocínio usou para prever a vitória de Trump?

R. Fui capaz de predizer corretamente o triunfo de Donald Trump, o contrário do que anunciavam as pesquisas e a grande maioria dos comentaristas políticos. Utilizei meu sistema de previsão, “As chaves para a Casa Branca”, que não leva em conta as pesquisas nem nenhum outro tipo de análise política convencional. As chaves são guiadas pela tese de que as eleições presidenciais norte-americanas se baseiam na força do partido no poder, nesse caso o Partido Democrata.

Desenvolvi esse método em 1981, depois de estudar cada eleição presidencial de 1860 a 1980. Usando essa informação, desenvolvi as 13 chaves. São perguntas com uma resposta simples, sim ou não. Caso 6 ou mais chaves sejam contra o partido no poder, esse partido perderá as eleições. Previmos corretamente todas as eleições desde então, nove seguidas (1984 - 2016).

P. Quais foram algumas das “chaves” contra os democratas nessas eleições?

R. O Partido Democrata sofreu grandes perdas nas eleições de 2014; seu presidente atual não era candidato; os democratas tiveram uma fase de primárias muito disputada pela nomeação do partido. O segundo mandato do partido não contou com nenhuma grande mudança ou melhora em política doméstica, como o programa de saúde de Obama durante seu primeiro mandato, nem nenhum êxito unificador em política externa como a morte de Osama Bin Laden, o líder da Al Qaeda, durante seu primeiro mandato.

P. Como recomenda que jornalistas, comentaristas e observadores das eleições ajam nas próximas eleições, dada a grande surpresa provocada na maioria pela vitória de Trump?

R. Acho que o erro está na cobertura diária das campanhas. É inútil. Diga-me, por acaso se lembra de uma, somente uma, das frases sobre a campanha eleitoral comentadas pelos ditos especialistas políticos que passam horas falando nas grandes redes de televisão? Não! Tentam influenciar a opinião pública sem se basear em muita coisa, concentrando-se em eventos particulares e ignorando as questões centrais de uma campanha: o conteúdo.

É preciso considerar menos as pesquisas, os comentaristas, e tentar entender e expor com mais clareza como seriam as presidências de cada candidato; nesse caso eram Hillary Clinton e Donald Trump.

 

NICOLÁS ALONSO-El Pais - Washington 

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