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Estados com letalidade maior por câncer têm mais desigualdade social
Saúde
Publicado em 04/09/2019

Pesquisa é do Observatório de Oncologia

 

Publicado em 04/09/2019 - 16:31

Por Flávia Albuquerque - Repórter da Agência Brasil  São Paulo/Site EBC

A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet/Google

 

Um estudo do Observatório de Oncologia, do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, para avaliar fatores sociais que possam estar relacionados com os resultados e a eficácia do tratamento do câncer no Brasil, mostrou que estados onde há letalidade maior pela doença há mais desigualdade social, maior percentual de população pobre, menor gasto per capita em saúde, menor número de leitos hospitalares e menor percentual de população com acesso a planos de saúde. O estudo usou os percentuais de pessoas que falecem depois do diagnóstico. Os dados englobam o período de 2010 a 2016 e foram coletados de fontes públicas oficiais, segundo o observatório.

 

Um dos dados apontados pela pesquisa mostra que estados com Índice de Desenvolvimento Humando (IDH) mais altos têm menores estimativas de taxa de letalidade, como no Distrito Federal que, com o maior IDH do país (0,824), tinha uma das menores taxas de letalidade (28,5%). Já no sentido contrário, Alagoas tinha o menor IDH (0,631) e a taxa de letalidade por câncer de 46,5%.

 

Índices de Gini

Outro índice analisado foi o de Gini, que mede a igualdade de distribuição de renda na população. A pesquisa indicou que estados com Índices de Gini mais baixos como Santa Catarina (0,490) tinha uma das menores taxas de letalidade, com 28,3%. No outro extremo, está o estado do Acre, com um dos maiores Índices de Gini (0,630) e a maior estimativa de letalidade do país (54,3%).

 

Já estados com maior porcentagem de pessoas em condição de pobreza, mostram que têm maiores estimativas de letalidade. No estado do Maranhão, por exemplo, havia no período da coleta dos dados 39,53% da população vivendo nessas condições, o que levou a taxa de morte pelo câncer a 48,5%. Já Santa Catarina, que tinha 3,65% das pessoas em condição de em condição de pobreza e uma taxa de letalidade de 28,3%.

 

A taxa de leitos hospitalares também influencia no número de mortes, de acordo com os dados da pesquisa. Onde há menos leitos, como o Amapá, com 1,61 leitos por cada mil habitantes, a taxa de morte foi a maior. Por outro lado, o estado do Rio de Janeiro, com a maior taxa de leitos hospitalares (2,93 leitos por mil habitantes), tem uma das menores estimativas de letalidade (53,4%).

 

Quando a pesquisa aborda os gastos per capita, estados com menor gasto têm maior número de mortes causadas por câncer, como o Pará, que gastava R$ 703,67 por pessoas e tinha taxa de letalidade de 50,3%. Enquanto isso, o Mato Grosso, que registrava gasto per capita de R$ 1496,13, tinha taxa de morte de 27,7%.

 

Estudo

De acordo com um dos realizadores da pesquisa, o médico oncologista Felipe Ades, os estudos apontam uma forte relação entre fatores socioeconômicos e maior letalidade por câncer. "A hipótese do estudo é que a eficácia do sistema de saúde estaria relacionada à capacidade médica instalada, o financiamento do sistema de saúde, os indicadores sociais e econômicos de cada estado e o perfil demográfico da população. Os resultados apontam uma forte relação entre fatores socioeconômicos e maior letalidade por câncer", explicou.

 

Segundo o pesquisador, é preciso ainda analisar as práticas de saúde de estados que têm melhores desfechos por câncer com o objetivo de servirem de exemplo de melhorias para outros estados. Ele avalia que a melhoria das condições de vida e educação da população tem, possivelmente, o potencial de melhorar o desfecho por câncer no futuro.

 

"Existem medidas de saúde muito baratas e efetivas como o combate ao tabagismo, à obesidade, ao sedentarismo, um estímulo à boa dieta. No sistema de saúde de rastreamento podemos citar na média complexidade, fazer exames de colo uterino, intestino. Com esses exames podemos tratar a doença precocemente, quando a chance de cura é maior e se gasta menos no tratamento", ressaltou Felipe Ades.

 

 

Edição: Fernando Fraga

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