Criança é internada em Nova Lima com forma bacteriana da enfermidade, a mais grave. Estado já registra 19 mortes e 149 casos da doença, que pode ser evitada com vacina
Matheus Muratori/Site Estado de Minas
Postado em 24/04/2019 06:00 / Atualizado em 24/04/2019 07:30
A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet/Google
Mais um caso de meningite foi confirmado em Minas Gerais. Trata-se de uma criança moradora de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, diagnosticada com a forma bacteriana da doença. De acordo com a prefeitura, ela está hospitalizada e seu quadro é estável com melhora clínica. Acrescentou que todas as medidas de vigilância foram tomadas, entre elas, o acompanhamento da criança, avaliação do histórico vacinal, tratamento profilático de quem teve contato com o paciente e vigilância de novos casos. Em Minas, somente este ano, foram confirmados 149 casos das diversas formas de meningite e 19 mortes. Hoje é Dia Mundial de Combate à Meningite.
Os sintomas apareceram na criança no dia 6. Até o momento, não há notificação de outros casos em Nova Lima. A meningite é considerada endêmica no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza vacinas para proteção contra alguns tipos virais e bacterianos da enfermidade. Algumas fórmulas não são ofertadas pela rede pública, apenas por laboratórios privados – nesses casos, o preço pode variar entre R$ 368 e R$ 595 por dose, sendo necessárias até quatro doses.
A meningite é caracterizada por um processo inflamatório nas membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, conhecida como meninges. Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites bacteriana e viral se diferem principalmente pelo seu grau. A maior parte das meningites virais é mais benigna e evolui para a cura sem tratamento. Já as bacterianas podem ser graves e necessitam de tratamento imediato com antibióticos.
VACINAS
No SUS, estão disponíveis doses que protegem contra alguns agentes causadores da doença. Entre elas está a BCG (meningite tuberculosa), a tríplice viral (meningite por sarampo, rubéola e caxumba), a vacina contra catapora (meningite por varicela), a vacina pentavalente (meningite por Haemophilus influenzae b em crianças abaixo de 5 anos de idade), a vacina meningocócica C conjugada (meningite meningocócica do tipo C) e vacinas pneumocócicas conjugadas 10 valente (meningite pneumocócica/10 tipos). O grupo corresponde ao conjunto de vacinas consideradas de interesse prioritário à saúde pública do país.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), até 20 de março, a cobertura da vacina meningocócica C conjugada estava em 88,69% entre os menores de 1 ano, e 89,92% entre as crianças de 1 ano completo. A meta de cobertura definida pelo Ministério da Saúde para essas faixas etárias é de 95%.
Cerca de 2,5 mil pessoas são atingidas pela meningite por ano, no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. No mundo, nos últimos 20 anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram reportados quase 1 milhão de casos com suspeita de meningite e 100 mil pessoas morreram. Os números são altos e a vacinação é a melhor forma de prevenção da doença, segundo o infectologista do Hospital Lifecenter Carlos Starling. Isso porque, de acordo com o especialista, há um significativo número de pessoas colonizadas com os meningococos, colônias de bactérias causadoras das meningites bacterianas, que nunca desenvolveram a doença, mas são transmissoras.
TRANSMISSÃO
Esse é o tipo mais grave da doença. A transmissão ocorre, normalmente, de pessoa para pessoa pelo ar, seja por permanecer no mesmo local fechado com o portador da bactéria por mais que 4 horas, seja por meio do contato com a saliva (tosse, espirro, fala, beijo). A doença ocorre quando a bactéria entra na corrente sanguínea e migra até o cérebro através das meninges – capa que protege o cérebro e a medula espinhal. “Quanto mais coberta for a população em termos de vacinação, menor será a incidência dessas doenças”, explica o médico.
Outra preocupação é quando o paciente já tem um quadro clínico comprometido por uma doença autoimune, quando é soropositivo ou pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico. “Esse grupo de pessoas tem probabilidade de desenvolver infecções por diferentes microrganismos, entre eles, a meningite. O que está por trás da doença aguda do paciente, pode deixá-lo extremamente vulnerável a uma infecção do sistema nervoso central”, explica Starling.
Diante dos sintomas da meningite, o risco de morte aumenta a cada hora de forma muito significativa. “Quando o agente causador é bacteriano, a letalidade é de 20% a 50%, se não tratada em tempo hábil”, afirma o infectologista. O especialista conta que, quando a causa é bacteriana, a evolução é muito rápida e o tempo de incubação (intervalo entre o contágio e o aparecimento dos primeiros sintomas) costuma ser de três a quatro dias.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho