Iniciativa do Movimento Brasil 200, que se apresenta como suprapartidário, pretende oferecer ao longo de 2019 pelo menos 1 milhão de vagas e assim ajudar na recuperação da economia
São Paulo – A missão é difícil. Um grupo de empresários vai iniciar na próxima segunda-feira uma campanha para tentar diminuir o número de desempregados no Brasil. O Movimento Brasil 200 pretende criar 1 milhão de empregos ao longo de 2019.
Dados mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que no último trimestre, encerrado em outubro, a taxa de desemprego no país caiu para 11,7%. Apesar da trajetória de queda, iniciada há sete meses, ainda há 12,4 milhões de brasileiros nessa estatística.
O programa nacional para geração de empregos será lançado no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que apoia a iniciativa, e contará com a participação de representantes de entidades ligadas ao setor industrial de outros estados, como Rio de Janeiro, Bahia e Sergipe, além do setor comercial, com a participação da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).
Sob o slogan “Empresários unidos contra o desemprego”, a iniciativa foi batizada de “Empregue + 1”. A ideia é sensibilizar os empresários do país para que cada um ofereça ao menos uma vaga para um trabalhador. Para organizar a oferta e a procura, será lançada uma plataforma on-line onde os postos de trabalho serão cadastrados pelas empresas, segundo geolocalização e perfil do candidato. Os interessados, por sua vez, poderão acessar o site e se inscrever para o processo de seleção.
"A ideia do projeto é estimular a economia no curto prazo por meio da geração de empregos. Vimos que poderia ser uma forma de conseguir canalizar o otimismo"
Gabriel Kanner, presidente do Movimento Brasil 200
No evento de lançamento, haverá uma cerimônia simbólica de assinatura de 10 contratos de trabalho, com 10 candidatos encaminhados pelo Instituto Coca-Cola. Mas o movimento começará na segunda-feira já com um número maior de vagas.
A Riachuelo, do empresário Flávio Rocha, confirmou que vai contratar 300 pessoas ao longo do mês de janeiro. Serão vagas em lojas, nas fábricas e no escritório onde funciona a matriz da companhia, em São Paulo. Outro nome do varejo, Luciano Hang, da rede Havan, prometeu oferecer 5 mil vagas durante o ano de 2019, por conta da programação de abertura de lojas.
Apesar de o lançamento da campanha ser no prédio da Fiesp, a ideia, segundo o presidente do movimento, Gabriel Kanner, é fazer ações todos os meses em diferentes estados com o objetivo de descentralizar a iniciativa e chamar a atenção de mais empresários. “Quando começamos os contatos para esta campanha, recebemos e-mails de várias regiões. Teve empresário do Acre pedindo informações com a intenção de ajudar”, lembra Kanner.
Com o programa de geração de empregos, o movimento acredita que poderá se tornar um marco histórico ao não negociar contrapartidas governamentais para a geração de empregos. Com isso, pretende se manter como uma iniciativa privada e independente dos cofres públicos. A intenção é ajudar na construção de um ambiente de negócios mais saudável e assim tentar pavimentar a trajetória de crescimento econômico no próximo governo.
“A ideia do projeto é estimular a economia no curto prazo por meio da geração de empregos. Vimos que poderia ser uma forma de conseguir canalizar o otimismo”, explica Kanner. Para o representante da organização, até agora faltou iniciativa ao setor produtivo.
“Nos últimos anos, o que vimos foi um empresariado desunido e omisso, por isso achamos que era o momento de criar o movimento. Agora, com a campanha, queremos dar capilaridade à proposta de geração de empregos e garantir uma injeção de ânimo no curto prazo”, explica.
Apesar de o lançamento da iniciativa contar com o apoio da Fiesp e de outras federações da indústria, o movimento pretende engajar todos os setores da economia, como comércio, agricultura, serviços e turismo.Continua depois da publicidade
A geração de empregos, defende Kanner, pode ser a “locomotiva” para a retomada do crescimento da economia. “Essa é uma agenda independente do governo. Estamos dando um voto de confiança ao novo governo e torcemos para que dê tudo certo. Essa será a nossa colaboração.”
Articulação
Apesar de dizer que guarda distância do novo governo, o projeto de geração de 1 milhão de vagas foi levado à equipe de Jair Bolsonaro (PSL), apoiado por vários integrantes do Movimento Brasil 200 (como Luciano Hang, o mais enfático entre os empresários no time do ex-militar). Joyce Hasselmann (PSL), deputada federal eleita por São Paulo, está ajudando na articulação do movimento com o presidente eleito.
“Mas o movimento é do setor produtivo, apartidário, com uma pauta própria, reformista. Apoiaremos o que for convergente com essa pauta. Mas também temos um braço político, que atua por meio do apoio a uma frente parlamentar”, esclarece o presidente do grupo.
Kanner está otimista com o potencial da campanha. Ele lembra que o Brasil tem cerca de 22 milhões de CNPJs. Se pelo menos 5% desse universo oferecer mesmo que apenas uma vaga de trabalho, será possível chegar à meta de 1 milhão de postos. A intenção é ir além das grandes empresas e incluir também as pequenas, médias e as multinacionais com atuação no país.
Gabriel Kanner é sobrinho de Flávio Rocha e deixou um cargo no setor de artigos esportivos da Riachuelo para se candidatar pelo PRB à Câmara dos Deputados (conseguiu 27.324 votos, mas não se elegeu). Além do Movimento Brasil 200, conta ter afinidade com o ativismo social. Tanto que deve aproveitar seus contatos na área para divulgar o programa também entre aqueles que procuram emprego e evitar que a ação acabe tendo efeito apenas entre os empresários.
“Pretendo cuidar dessa parte dentro do movimento e divulgar o programa entre as ONGs. Também vamos estudar a possibilidade de contar com a ajuda de entidades para que nos ajudem a chegar até as pessoas com maior vulnerabilidade social e que estão procurando emprego. São pessoas que têm pressa e assim podemos ajudá-las mais rapidamente. Há muita mão de obra boa querendo trabalhar, mas faltam oportunidades”, afirma.
Quem faz parte do Movimento Brasil 200
Alguns dos nomes que compõem o grupo empresarial que defende a pauta liberal, com uma participação menor do Estado
Edgard Corona: fundador da Smart Fit e dono do Grupo Bio Ritmo, que tem unidades no Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana
Alberto Saraiva: fundador e presidente da rede de restaurantes Habib’s, preside também a rede Ragazzo, da Arabian Bread, da Ice Lips, da Promilat, e da Vox Line
Geraldo Rufino: empresário fundador da JR Diesel, maior empresa de reciclagem de caminhões do Brasil
Luciano Hang: empresário catarinense fundador da Havan, uma das maiores redes de lojas de departamentos do país, com cerca de 12 mil empregados
Sonia Hess: empresária, foi presidente da camisaria catarinense Dudalina por 12 anos
Flávio Rocha: empresário e CEO da rede Riachuelo e da Midway Financeira, que fazem parte do Grupo Guararapes junto com as Confecções Guararapes Transportadora, Casa Verde e Shopping Midway Mall. Emprega por volta de 40 mil pessoas
Sebastião Bomfim: fundador do Grupo SBF, detentor das marcas Centauro, By Tenis e Almax, e operador das lojas Nike Store no Brasil
Roberto Justus: administrador, publicitário, empresário, apresentador de televisão. É chairman do Grupo Newcomm, holding das agências Y&R Grey Brasil, Wunderman, VML e Red Fuse e a empresa Ação Premedia e Tecnologia
João Apolinário: presidente, proprietário e fundador da Polishop
José Victor Oliva: presidente do conselho da Holding Clube, grupo que reúne seis empresas de comunicação e marketing promocional (Banco de Eventos, Rio360, Samba.pro, Lynx, Cross Networking e The Aubergine Panda)
Giuliano Donini: presidente da Marisol, dona de marcas como Mineral, Pakalolo e Rosa Chá
Marcelo Alecrim: presidente da ALE Sat e sócio-proprietário e presidente da ALE Combustíveis, quarta maior distribuidora de combustível do país
Ericsson Luef: presidente da Hemmer, uma das maiores empresas do setor alimentício do país
Pedro Thompson: presidente da Estácio, do setor de educação
Ronaldo Pereira Junior: presidente da Óticas Carol, a maior rede de óticas do país
Renato Feder: administrador de empresas, cofundador do Ranking dos Políticos, que avalia o desempenho de senadores e deputados federais. Atualmente, é sócio e CEO da Multilaser e CEO da Aluno 10, empresa de tecnologia educacional aplicada ao reforço escolar
Por Paula Pacheco/Site Estado de Minas
Postado em 14/12/2018 06:00 / Atualizado em 14/12/2018 08:57
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