Presidente da ONG do projeto morreu na semana passada. Cinzas serão lançadas ao longo de um trecho da ferrovia
Rumo ao futuro, sem sair dos trilhos. A morte do presidente da organização não governamental (ONG) Amigos do Trem, Paulo Henrique do Nascimento, cujo corpo foi cremado na sexta-feira, em Matias Barbosa, na Zona da Mata, não vai paralisar o projeto Trem Turístico Minas-Rio, que pretende ligar Cataguases (MG) e Três Rios (RJ). “A expectativa é que a inauguração ocorra em janeiro”, afirmou, ontem, a sobrinha de Paulo Henrique, Cyntia Nascimento, em atuação nas áreas de comunicação e assistência social da ONG. Ela acrescentou que os oito prefeitos da região beneficiada deram total apoio à iniciativa, que tem ainda no roteiro Leopoldina, Recreio, Volta Grande, Além Paraíba, Chiador e Sapucaia.
Lembrando o espírito guerreiro de Paulo Henrique, que terá as cinzas lançadas ao longo do trecho Cataguases-Três Rios, na viagem inaugural do trem turístico, Cyntia contou que hoje haverá uma reunião com todos os envolvidos no projeto turístico para acertar as próximas ações. No município fluminense de Três Rios, a prefeitura faz obras, que deverão ser concluídas em um mês. “Estamos muito tristes com a perda, mas confiantes, pois era um projeto muito importante para meu tio, um ardoroso defensor das ferrovias”, afirmou.
Os trens são alvo de debate na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em audiências da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras. Na quinta-feira, o tema foi exatamente aqueles destinados ao turismo. Segundo os participantes das discussões, conforme nota divulgada pelo Legislativo, “o principal entrave é convencer as concessionárias de que é possível dividir as linhas, hoje praticamente tomadas pelo transporte de carga, com o transporte de passageiros”.
GUERREIRO
Natural de Juiz de Fora e com 45 anos, sem filhos, Paulo Henrique faleceu na tarde de quinta-feira, no Rio de Janeiro (RJ), depois de lutar durante quatro anos contra câncer de pulmão – ele estava internado no hospital Adão Pereira Nunes.
Em março, o Estado de Minas publicou uma matéria sobre o projeto e, dois meses depois, outra reportagem e um vídeo, feito pelo repórter fotográfico Edésio Ferreira, de grande repercussão na internet: foi compartilhado mais de 11 mil vezes e alcançou mais de 1 milhão de pessoas. A equipe do jornal acompanhou a viagem-teste em 19 de maio, de Recreio a Cataguases, ambos municípios da Zona da Mata.
AUDIÊNCIA
A Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, presidida pelo deputado João Leite (PSDB) vem se reunindo para discutir a questão das ferrovias. Em Minas, conforme levantamentos dos parlamentares do grupo, há formatados pelo menos três projetos para implantação de circuitos turísticos de trens de passageiros no estado. Um dos projetos, desenvolvido pela Oscip Apito em parceria com a ONG Cidades, se refere a linha para ligar o Bairro Belvedere, em Belo Horizonte, ao Instituto Inhotim, em Brumadinho, na Grande BH, centro de arte que atrai visitantes do mundo inteiro.
De acordo com o presidente da Apito, Sérgio Motta de Melo, BH-Inhotim seria uma linha de 51 quilômetros de extensão, que usaria vagões abandonados do antigo trem de passageiros Vera Cruz, que ligava Minas ao Rio. O trem começaria a operar progressivamente a%té atingir um total de 10 vagões de luxo, com capacidade para 780 passageiros.
Por Gustavo Werneck/Site Estado de Minas
Postado em 28/11/2018 06:00 / Atualizado em 28/11/2018 10:06
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