Com novos casos de febre amarela confirmados neste mês de janeiro, o Ministério da Saúde decidiu antecipar a campanha de vacinação para o próximo dia 25 de janeiro.
Atualmente, a orientação do Ministério é que as pessoas já vacinadas, mesmo há mais de dez anos, não precisam repetir a imunização. O assessor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Akira Homma explica porque a recomendação mudou.
Sonora: “Essa recomendação foi endossada pela OMS e também pela Opas, em seguida o Ministério da Saúde adotou esse critério. Resultado de uma análise de inúmeros estudos que mostram que uma dose é suficiente pera uma vida inteira.”
Quanto ao fracionamento das doses, o cientista explica que é uma medida de emergência, utilizada quando é necessário vacinar uma população grande em um curto espaço de tempo. Ele destaca que estudos conduzidos no Brasil pela Fiocruz há oito anos mostraram que a dose reduzida da vacina oferece proteção no mesmo nível da dose total.
Sonora: “Conseguimos resgatar os voluntários daquela época de oito anos atrás, agora, e mostramos que essa população vacinada há oito anos com dose reduzida tem a mesma imunoproteção de quem tomou a dose plena. Isso nos dá uma garantia muito grande de que, usando dose fracionada, isso vai ajudar a essa população da mesma forma de quem usou a dose plena.”
Com a dose fracionada é possível imunizar quatro pessoas a mais do que com a dose plena. O pesquisador esclarece ainda que gestantes só devem se vacinar se estiverem em uma zona endêmica, crianças menores de 9 meses também não devem ser vacinadas, assim como idosos.
Entre 9 meses e 2 anos, será aplicada a dose integral, bem em pessoas que viajarão para países que exigem a certificação da vacina. A imunização também não é recomendada para pessoas que tem doenças que comprometem o sistema imunológico, como o HIV, em tratamento quimioterápico, doenças hematológicas ou pessoas que foram submetidas a transplante de células-tronco.
O Instituto Bio-Manguinhos é o único produtor de vacina da febre amarela da América Latina e um dos quatro no mundo qualificados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
No ano passado, a produção foi de 64 milhões de doses, a pedido do Ministério da Saúde. Em anos normais, são feitas de 15 milhões a 20 milhões de doses e, para este ano, o ministério já solicitou cerca de 50 milhões de doses.
* Com informações de Akemi Nitahara da Agência Brasil