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Entenda por que você deve fugir do parcelamento no cartão de crédito do IPVA 2018
Economia
Publicado em 11/01/2018

Em exem­plo ana­li­sa­do por con­sul­tor fi­nan­cei­ro, as ta­xas co­bra­das no car­tão che­gam a 26,52% ao ano na op­ção por 12 parcelas


Site Estado de Minas - Postado em 11/01/2018 06:00 / Atualizado em 11/01/2018 08:43 – A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet

 

Não é pre­ci­so ser um es­pe­ci­a­lis­ta pa­ra en­ten­der que, po­den­do evi­tar, é me­lhor não ado­tar o par­ce­la­men­to em car­tão de cré­di­to pa­ra pa­gar o IPVA 2018 em Mi­nas Gerais. Mas o Es­ta­do de Mi­nas ou­viu um con­sul­tor fi­nan­cei­ro pa­ra mos­trar ao lei­tor qual o im­pac­to no or­ça­men­to ao es­ten­der o pa­ga­men­to do im­pos­to ao lon­go do ano: uma ta­xa de ju­ros anu­al de 26,52%. Os cál­cu­los fo­ram fei­tos a par­tir de um IPVA fi­xa­do em R$ 982,62 (par­ce­la­do de três ve­zes pe­lo pró­prio Es­ta­do) ou R$ 954 com o des­con­to de 3% pa­ra a qui­ta­ção à vista. Op­tan­do pe­lo car­tão de cré­di­to, a dí­vi­da do con­tri­bu­in­te po­de che­gar a até R$ 1.298,40. É a pri­mei­ra vez que os do­nos de veí­cu­los po­de­rão qui­tar os im­pos­tos por meio do car­tão de dé­bi­to e de crédito. 

As ta­xas va­ri­am de acor­do com o nú­me­ro de par­ce­las ado­ta­das, mas mes­mo pa­ra quem quer adi­ar o pa­ga­men­to por ape­nas um mês a mor­di­da é grande. Quem op­tar por pa­gar em par­ce­la úni­ca no car­tão vai ar­car com ju­ros de 10,146%, che­gan­do a um to­tal de R$ 1.061,73 – uma di­fe­ren­ça de R$ 107,73, di­nhei­ro su­fi­ci­en­te pa­ra pa­gar, por exem­plo, o li­cen­ci­a­men­to, que cus­ta R$ 92,66. Pa­gar de três ve­zes no car­tão de cré­di­to tam­bém sai bem mais ca­ro que op­tar pe­las três par­ce­las pro­pos­tas pe­lo go­ver­no estadual. No cai­xa do ban­co, o pro­pri­e­tá­rio do veí­cu­lo vai ar­car com R$ 327,54 mensais. No cré­di­to, se­rão três de R$ 366,05. Ju­ros de 13,12%.

Ado­tar uma par­ce­la a mais (qua­tro) re­pre­sen­ta um acrés­ci­mo de 14,769% no va­lor do IPVA, che­gan­do a R$ 1.119,32. A par­tir daí os per­cen­tu­ais va­ri­am mês a mês. Cin­co par­ce­las, por exem­plo, sig­ni­fi­ca­rão 16,674% a mais no imposto. “É uma ta­xa de ju­ros mui­to sig­ni­fi­ca­ti­va di­an­te de uma in­fla­ção pre­vis­ta pa­ra o ano em tor­no de 3%. Sem­pre di­go que os ju­ros são co­mo cu­pins que cor­ro­em o or­ça­men­to das pes­so­as”, aler­ta o con­sul­tor fi­nan­cei­ro Eras­mo Vieira.

Nes­se con­tex­to, a ado­ção do pa­ga­men­to em 12 me­ses é, ob­vi­a­men­te, a pi­or das op­çõ­es pa­ra o devedor. “O gran­de pro­ble­ma do fi­nan­ci­a­men­to em 12 par­ce­las é que o con­tri­bu­in­te es­ta­rá jo­gan­do a dí­vi­da pa­ra o ano in­tei­ro e pa­gan­do um ju­ro al­to, que vai one­rar o seu or­ça­men­to mensal. Uma das ori­en­ta­çõ­es que dou é um cus­to fi­xo bai­xo pa­ra o ca­so de um im­pre­vis­to”, com­ple­tou o consultor. A mes­ma ori­en­ta­ção ser­ve pa­ra o IP­TU, que tam­bém po­de ser pa­go à vis­ta ou em até 12 vezes.



Des­sa for­ma, ele pon­de­ra que o ide­al é apro­vei­tar o des­con­to de 3%, mas quem não po­de ade­rir ao be­ne­fí­cio de­ve re­do­brar a aten­ção nas con­tas pa­ra op­tar pe­la for­ma me­nos onerosa. E en­ga­na-se quem pen­sa que re­cor­rer a um em­prés­ti­mo ban­cá­rio le­va­rá a um cus­to mui­to maior. Vai de­pen­der de ca­da ca­so: o ban­co e o ti­po de re­la­ção que se tem com ele. Às ve­zes até mes­mo ado­tar um cré­di­to con­sig­na­do em fo­lha po­de re­pre­sen­tar uma ta­xa de ju­ros menor.


Tu­mul­to pa­ra si­mu­lar e pa­gar im­pos­to

 

Fi­las, fal­ta de in­for­ma­ção so­bre os ju­ros co­bra­dos e sus­to em re­la­ção ao al­to va­lor das par­ce­las no car­tão de cré­di­to mar­ca­ram o pri­mei­ro dia de ven­ci­men­to do Im­pos­to so­bre a Pro­pri­e­da­de de Veí­cu­los Au­to­mo­to­res (IPVA) 2018 na se­de do De­par­ta­men­to de Trân­si­to de Mi­nas Ge­rais (De­tran-MG), na Re­gi­ão Cen­tro-Sul da capital. O atra­so de cer­ca de du­as ho­ras no iní­cio do aten­di­men­to na uni­da­de da Ave­ni­da Jo­ão Pi­nhei­ro de­vi­do à so­bre­car­ga do sis­te­ma fez com que con­tri­bu­in­tes en­fren­tas­sem mais de três ho­ras de es­pe­ra pa­ra si­mu­lar as parcelas. O pra­zo pa­ra os pro­pri­e­tá­ri­os de car­ros com fi­nal da pla­ca de 1 e 2 já se ex­pi­rou, mas os gru­pos res­tan­tes po­de­rão pro­cu­rar os gui­chês de aten­di­men­to no De­tran ou al­gum dos 108 pos­tos de ar­re­ca­da­ção no es­ta­do pa­ra ava­li­ar a me­lhor for­ma de pagamento.

Em en­tre­vis­ta co­le­ti­va con­ce­di­da na ma­nhã de on­tem, a vi­ce-di­re­to­ra do De­tran-MG, An­dréa de Sou­za Abood, e o co­or­de­na­dor de Ad­mi­nis­tra­ção de Trân­si­to, de­le­ga­do Jo­sé Mar­ce­lo de Pau­la Lou­rei­ro, in­for­ma­ram que o vo­lu­me de pes­so­as au­men­tou nas uni­da­des de aten­di­men­to por con­ta dos mo­to­ris­tas de veí­cu­los de pla­cas com fi­nais di­fe­ren­tes das ti­nham ven­ci­men­to on­tem que fo­ram ao De­tran bus­car in­for­ma­çõ­es so­bre o pa­ga­men­to e o parcelamento. Os con­du­to­res ti­ve­ram que ter paciência. 

As dú­vi­das e re­cla­ma­çõ­es em re­la­ção ao va­lor do ju­ros do par­ce­la­men­to se repetiram. Na co­le­ti­va de im­pren­sa, o De­tran res­sal­tou, no­va­men­te, que os cus­tos da ope­ra­ção são “de mer­ca­do” e que a ope­ra­ção de cré­di­to não é fei­ta pe­lo go­ver­no mas por em­pre­sas cre­den­ci­a­das, a Es­me­ral­da Ser­vi­ços Di­gi­tais e ABL Sys­tem Con­sul­to­ria e In­for­má­ti­ca LTDA. Elas re­a­li­za­rão o pa­ga­men­to dos dé­bi­tos à vis­ta pa­ra os co­fres públicos. “O par­ce­la­men­to é fei­to pe­las em­pre­sas que po­dem co­brar os ju­ros de mercado. Elas se­guem as re­gras ban­cá­ri­as”, afir­mou a vi­ce-di­re­to­ra do Detran.

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A equi­pe do Es­ta­do de Mi­nas acom­pa­nhou seis si­mu­la­çõ­es pe­di­das por mo­to­ris­tas no Detran. So­men­te quan­do ques­ti­o­na­dos – em um ca­so pe­la pró­pria re­por­ta­gem e em dois pe­los con­tri­bu­in­tes – os aten­den­tes in­for­ma­ram a ta­xa de juros. E ain­da as­sim, se li­mi­ta­ram a di­zer que era de “apro­xi­ma­da­men­te” 4%, sem ex­pli­car que os ín­di­ces acu­mu­la­dos po­dem atin­gir 26,52% ao ano. Tam­bém não ha­via no lo­cal ne­nhu­ma pla­ca ou car­taz in­for­man­do as ta­xas co­bra­das nos parcelamentos.

A au­xi­li­ar de ho­mo­lo­ga­ção Mar­le­ne Mar­ques, de 65, de­sis­tiu de qui­tar o im­pos­to no cartão. Pro­pri­e­tá­ria de Uno de 2010 e de uma mo­to­ci­cle­ta, fi­cou im­pres­si­o­na­da com o au­men­to do tributo. O va­lor bru­to, que in­clui os dois veí­cu­los e o Se­gu­ro de Da­nos Pes­so­ais Cau­sa­dos por Veí­cu­los Au­to­mo­to­res de Vi­as Ter­res­tres (Dpvat) fi­cou em R$ 1.081,36 bruto. Ca­so ela di­vi­dis­se de 12 ve­zes, o va­lor au­men­ta­ria pa­ra R$ 1.611,60. “É um absurdo. O pi­or de tu­do é que não ve­mos es­se va­lor sen­do apli­ca­do”, reclamou. Al­guns, en­tre­tan­to, vi­ram no par­ce­la­men­to uma for­ma de de­sa­fo­gar o orçamento. É o ca­so do mo­to­ris­ta par­ti­cu­lar Pau­lo Hen­ri­que dos San­tos Mo­rei­ra, de 32, que de­ci­diu di­vi­dir o tri­bu­to em 12 par­ce­las, o má­xi­mo possível. “In­fe­liz­men­te, não ti­ve ou­tra opção. Nos anos an­te­ri­o­res, con­se­gui pa­gar à vis­ta, mas ago­ra não te­ve jeito. Não te­nho dinheiro. Mas o va­lor é al­tís­si­mo”, disse.

Horário estendido 

 
A par­tir de ho­je, o ho­rá­rio de aten­di­men­to ao ci­da­dão se­rá es­ten­di­do na se­de do De­tran, com dis­tri­bui­ção de se­nhas até as 18h. A in­ten­ção do ór­gão é dis­po­ni­bi­li­zar o pa­ga­men­to por car­tão – que po­de­rá ser usa­do tam­bém pa­ra qui­ta­ção de mul­tas – em to­das as uni­da­des do es­ta­do em 90 dias. Ain­da não há pre­vi­são pa­ra a dis­po­ni­bi­li­za­ção dos pro­me­ti­dos to­tens de au­to­a­ten­di­men­to pa­ra es­se fim.

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