https://public-rf-upload.minhawebradio.net/2293/slider/c36203b4558d5e93399315711f3ac3d3.jpg
https://public-rf-upload.minhawebradio.net/2293/slider/26ad67dc9326daae997841b07e754a86.jpg
A política do ‘faça você mesmo’
Política
Publicado em 26/12/2017

AE - Agência Estado/Site Estado de Minas - A imagem da capa do site Multisom foi retirada de arquivos da internet

Postado em 25/12/2017 10:13

 

São Paulo, 25 - A política não é mais um problema dos outros. Ao invés do cansaço e da letargia, a crise ética que se faz interminável no universo político nacional criou um ambiente de mais participação e engajamento na sociedade. Empresários, artistas, esportistas e mesmo o cidadão comum parecem mais dispostos a seguirem um velho conselho: faça você mesmo.

Esse engajamento que, sim, passa pela política, não necessariamente está vinculado a um desdobramento partidário ou eleitoral, mas, principalmente, a formas de pressão e de ação. Essa participação tem se dado através de movimentos cívicos, ONGs e de grupos que se organizam em torno de idéias e ideais.

Veja o emblemático caso da produtora e atriz Paula Lavigne - que tem usado o seu poder de articulação para reunir artistas em torno das mais diversas causas. Em 2017, ela criou o movimento 342 Agora - que atuou a favor da denúncia contra o presidente Michel Temer e pela preservação da Amazônia.

A produtora nega que pretenda ter uma carreira eleitoral, mas não renega a política. “Há uma grande desilusão com a classe política brasileira. Os brasileiros se sentem cada vez menos representada por eles. O 342 e outros movimentos têm debatido a proposta de realizar uma convenção aberta, democrática, popular, reunindo coletivos e indivíduos que buscam um novo momento da política. Creio que desse movimento surgirão nomes novos”, disse.

O chamado para o engajamento pode vir de diversas formas. No caso da administradora de empresas Patrícia Ellen, ex-sócia da McKinsey & Company e cofundadora do movimento Agora! foi a força da própria história, de alguém que nasceu na periferia, filha de feirantes e que alcançou, entre outras coisas, um mestrado em Harvard. “Para que qualquer mudança se concretize é preciso que a gente se envolva. É preciso sair do sofá, deixar de apenas reclamar e começar a mudança”, disse.

Essa é a mesma linha do empresário Eduardo Mufarej, cofundador do RenovarBr, grupo que tem se empenhado em criar condições (financeiras, inclusive) para o aparecimento do novo na política. “Estamos passando por um processo muito importante de tomada de consciência. As nossas decisões e escolhas não estão nos levando para o lugar em que gostaríamos de estar. Chegamos num ponto onde não há escolha: a construção de um país diferente exige um novo nível de engajamento e de representação.”

O ano que está acabando mostrou também que as pessoas estão procurando fazer “ a sua parte” dentro de suas áreas de atuação. A nadadora Joanna Maranhão, por exemplo, tem participação ativa na ONG Emancipa - onde promove aulas de natação para crianças carentes e alunos de escolas públicas. “Hoje eu entendo que essa doação, essa participação, além de ajudar o próximo, me transformou também” , diz. Joanna filiou-se ao PSOL, mas não pretende se candidatar a nenhum cargo.

Outro exemplo é o chef de cozinha Alex Atala. Sem nenhuma pretensão política-eleitoral, Atala tem atuado em causas socioambientais. “Temos uma questão pungente: como alimentar 8 bilhões de pessoas?”, alerta Atala. O chef criou o instituto Ata para fomentar a discussão e projetos voltados para a sustentabilidade, mas nega qualquer hipótese de se transformar em um político. “A minha grande vocação é ser cozinheiro. Foi por meio da cozinha que eu consegui realizar boas ações socioambientais”.

Também com engajamento ambiental destaca-se o ator Marcos Palmeira, que atua na ONG Uma Gota no Oceano e tem proximidade da Rede e de sua fundadora Marina Silva. “A gente ainda está procurando um político que diga o que nós devemos fazer. Precisamos abrir a cabeça e quebrar essa polarização”, disse.

Ligado à Frente Favela Brasil, movimento que pretende lançar candidatos na próxima eleição através de partidos já constituídos, Rappin Hood diz que o hip hop sempre foi engajado e que, talvez, agora seja a hora de fazer política de forma mais efetiva ainda. “As pessoas precisam se reconhecer nos seus representantes. Uma renovação é isso. O eleitor saber que um semelhante seu está lá trabalhando pelo bem comum.” As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

(Gilberto Amendola)

Comentários
Comentário enviado com sucesso!