O estilo comedido que caracteriza as atitudes públicas e intramuros do presidente Michel Temer está cedendo à pororoca de denúncias e consequente perda de apoio político. Como todo animal encurralado, sua reação é a luta renhida pela sobrevivência.
O novo modelo Temer foi visto na última quarta, 5, às vésperas de embarcar para uma insípida viagem à Alemanha, onde participou da cúpula do G-20. Numa reunião de última hora, reuniu sua equipe ministerial e cobrou “fidelidade”, já que parte dos ministros lá está por representarem bancadas supostamente aliadas.
A mesma disposição para a guerra foi vista na decisão da Polícia Federal, subordinada ao ministro Torquato Jardim, da Justiça. Na quinta, 6, a PF tirou a exclusividade dos delegados que se dedicavam à Lava-Jato. Abordado por repórteres, o ministro não quis comentar a novidade, criticada por procuradores que apontam como efeito o enfraquecimento das investigações.
Sem a imunidade que o cargo ora lhe confere ficará ao alcance de juízes de primeira instância, que têm se mostrado mais rápidos e rigorosos nas sentenças condenatórias do que seus colegas da Suprema Corte. É desembainhar a peixeira ou correr o risco do cárcere – entourage palaciana incluída.
Por Itamar Garcez - Julho, 8, 2017, 20h06 - OS DIVERGENTES por email em 09/07/2017 - 12h03