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Pelo poder do foro privilegiado, Temer coloca a “faca nos dentes”
Opinião
Publicado em 10/07/2017
O presidente Temer e o deputado Mansur na Alemanha. Foto Rogério Melo/PR

 

O estilo comedido que caracteriza as atitudes públicas e intramuros do presidente Michel Temer está cedendo à pororoca de denúncias e consequente perda de apoio político. Como todo animal encurralado, sua reação é a luta renhida pela sobrevivência.

O novo modelo Temer foi visto na última quarta, 5, às vésperas de embarcar para uma insípida viagem à Alemanha, onde participou da cúpula do G-20. Numa reunião de última hora, reuniu sua equipe ministerial e cobrou “fidelidade”, já que parte dos ministros lá está por representarem bancadas supostamente aliadas.

Quem melhor expressou este novo pendor temerista foi o escudeiro Beto Mansur, deputado federal que viajou com o presidente à Alemanha. “O Michel está com a faca nos dentes”, resumiu o parlamentar. “E vamos vencer”.

Leia maisA salvação de Temer e o medo do cárcere

A mesma disposição para a guerra foi vista na decisão da Polícia Federal, subordinada ao ministro Torquato Jardim, da Justiça. Na quinta, 6, a PF tirou a exclusividade dos delegados que se dedicavam à Lava-Jato. Abordado por repórteres, o ministro não quis comentar a novidade, criticada por procuradores que apontam como efeito o enfraquecimento das investigações.

Antes disso, na quinta, 27, no pronunciamento em que criticou a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o mandatário já exibia sua intenção. Num estilo pouco convencional, insinuou que Janot poderia ter recebido recursos da JBS, do delator-mor Joesley Batista, o amigo que virou inimigo.

Instintos primitivos

Em paralelo, o poderoso aparato estatal é despejado contra a JBS. Suspensão de crédito, maior rigor na fiscalização e incentivo a CPIs fazem parte do arsenal acionado.

A escalada bélica de Temer tem um ingrediente a mais do que a perda do poder, por si mesma motivadora de “instintos primitivos”, para lembrar um dos mais ladinos políticos em atividade. Perder o mandato pode significar mais do que voltar para a casa.

Sem a imunidade que o cargo ora lhe confere ficará ao alcance de juízes de primeira instância, que têm se mostrado mais rápidos e rigorosos nas sentenças condenatórias do que seus colegas da Suprema Corte. É desembainhar a peixeira ou correr o risco do cárcere – entourage palaciana incluída.

Por Itamar Garcez - Julho, 8, 2017, 20h06 - OS DIVERGENTES por email em 09/07/2017 - 12h03

 

 

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