Um dos destaques nessa época de festas juninas país afora, Nordeste em particular, é a escolha da melhor quadrilha. Trata-se de uma dança coletiva criada na França — introduzida no Brasil lá pelos anos 20 do século XIX pela elite que acabava de declarar o país independente de Portugal – e mais tarde transformada em uma bela festa popular.
Deveria ser nosso paradigma de quadrilha. Por mais forró, canjica, milho verde, pamonhas e quentões, que animam e alimentam multidões, é outro o concurso de quadrilhas que põe o país em uma enrascada.
Olha a cobra! É mentira!
Antes havia, digamos, um revezamento das turmas que rapinavam os cofres públicos. Quem era flagrado, passava o bastão, e depois o recebia de volta pelo tombo de quem o sucedera. Os que conseguiam se imiscuir nesse jogo também eram contemplados. O sistema se mantinha.
E assim seguia.
A plateia desconfiava, às vezes reclamava, conseguia algumas trocas que pareciam mudanças. Pura ilusão.
Para quem enganar é arte, essa espécie de júri popular sempre foi aposta segura de um bom veredito. Quem de fato bancava, fazendo a opção do eleitor irrelevante, sempre ganhava.
O problema é que as investigações se sofisticaram, por variadas razões cofres deixaram de ser secretos aqui e mundo afora, grandes negócios escusos foram comprovados, e empresários encurralados optaram por delações premiadas.
Foi aí que o bicho pegou.
Os empresários que antes pagavam, com grana, pedágio aos políticos, passaram a usar os comprovantes dessas transações, nas negociações com o ministério público, como moeda para não irem para a cadeia e preservar alguns quinhões do muito que ganharam.
Pactuadas as condições, os donos da Odebrecht e da JBS abriram a Caixa de Pandora. E também a porteira para que outros parceiros, aparentes concorrentes nos negócios, mostrassem as contas da corrupção generalizada.
Está tudo escancarado.
De palacetes a falsos casebres, todas as casas caíram.
O curioso é como reagem seus donos ou usuários.
Ninguém tem nada a ver com nada. Ninguém é dono de nada. Ninguém é chefe de nada.
Se comprovada a origem de algum dinheiro na compra ou reforma de casas, apartamentos e sítios, depósitos em offshores, contas secretas na Suíça, o problema é de quem pagou.
Mesmo quando quem pagou confessa que o fez como propina em troca das mais variadas benesses públicas e conta tim por tim porque pagou, a quem pagou e como pagou, ninguém veste a carapuça.
Pelo o que contaram até aqui os empresários que se deram bem comprando políticos, entre outros, são candidatos a vestir a tal carapuça, Lula, Temer, Sarney, Renan, Maluf, Sergio Cabral, Eduardo Cunha, Pimentel, Valdemar Costa Neto, Garotinho, Lobão….
Não há limites para a seleção do que seria a quadrilha das quadrilhas.
Eleja seu time.
Quem sabe é um primeiro passo para melhorar a política no país.
A conferir.
Por Andrei Meireles - 19 de Junho de 2017 - 13h35 - OS DIVERGENTES por email em 20/06/2017 às 12h05