Não importa em que clero você especule, os palpites entre os políticos são tão díspares que parecem menos coerentes do que o que se ouve quando se consegue conversar sobre política em algum botequim.
A avaliação geral, inclusive entre expoentes da linha de frente de Michel Temer, é de que, em circunstâncias normais, ele teria perdido toda e qualquer condição de se manter no poder.
Nem é a questão da sua popularidade inexistente antes mesmo da divulgação do grampo de Joesley Batista. Tampouco o questionado endosso ao cala-boca a Eduardo Cunha, sequer a aparente concordância com a compra de juízes federais e de um procurador da República, mas, sim, todo o capítulo referente a Rodrigo Loures. “É simplesmente indefensável”, me disse um experiente político, empenhado em salvar Temer.
Sua lógica política é cristalina. Na areia movediça em que afundam políticos de todos os naipes como encontrar sobreviventes capazes de identificar o que é terra firme.
Mais do que um imbróglio, essa é a encruzilhada que deixa atônitos políticos de baixo, médio e alto clero. Ali, quando eles trocam os discursos, as frases feitas, por conversas menos hipócritas, a eleição direta vira apenas uma boa bandeira política.
Por mais paradoxal que pareça, é mais fácil tirar Michel Temer do poder do que colocar alguém em seu lugar. Nomes como Carmem Lúcia, Ayres Brito e Joaquim Barbosa nem são levados em conta. Nelson Jobim e Gilmar Mendes, elogiados por eles, também não.
Mesmo parlamentares em alta, como Rodrigo Maia, têm suas chances avaliadas nesse universo pela capacidade de pagar o pedágio.
Quem está de fora pensa que, acuados pela Justiça, eles vão ser menos vorazes com o dinheiro público. Ledo engano. O que se busca nesse pântano político não é a expiação de pecados, mas como obter mais vantagens, mais cargos, mais dinheiro…
Com Temer. Ou sem Temer.
O que for mais rentável.
A conferir.