São Paulo, 23 - As denúncias envolvendo o presidente Michel Temer que vieram à tona na semana passada deixaram os economistas num voo cego, sem instrumentos para prever se o a atividade, que esboçava sinais de retomada, sairá do buraco ou mergulhará de novo na recessão.
"É uma situação carregada de incertezas: não sabemos se vamos sair e como vamos sair desse quadro e não temos como projetar os indicadores com essa parada", diz o economista sênior da Tendências Consultoria Integrada, Silvio Campos Neto.
Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg Associados, faz coro com Campos Neto. Ela condiciona as novas previsões a dois fatores: quanto tempo levará para solucionar o impasse político e quando as reformas em andamento serão retomadas.
O único indicador que Thaís alterou, por enquanto, foi a previsão de corte nos juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), marcada para o dia 30. A previsão era de um corte de 1,25 ponto porcentual e agora ela acredita que a redução ficará em um ponto. "Mudamos a previsão neste caso, porque o BC vinha condicionando as reduções de juros ao andamento das reformas, que agora ficaram prejudicadas com o quadro político."
O departamento econômico Banco Safra também reduziu a previsão de corte de juros de 1,25 para um ponto porcentual. Em nota, o banco informa que procurará refletir sobre as implicações dos recentes acontecimentos na política monetária. Para o fim do ciclo de recuo da Selic, está mantida, por ora, a previsão de 7% em meados de 2018. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
(Márcia de Chiara e Maria Regina Silva)