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História do Zé Gotinha: saiba como nasceu o símbolo da imunização do Brasil
Saúde
Publicado em 21/03/2023

Artista plástico criou um símbolo universal, que pode ser facilmente reproduzido por profissionais de saúde e pelas próprias crianças

 

Publicado em 21/03/2023 11h08 Atualizado em 21/03/2023 11h09 - Por Ministério da Saúde -  Matéria retirada do portal do Ministério da Saúde (https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/marco/historia-do-ze-gotinha-saiba-como-nasceu-o-simbolo-da-imunizacao-do-brasil)

A imagem da capa do site Multisom é meramente ilustrativa e foi retirada da própria matéria

História do Zé Gotinha: saiba como nasceu o símbolo da imunização do Brasil

Foto: Julia Prado/MS

OZé Gotinha representa a defesa e a mobilização pela vida. Em um momento carregado de emoção, o símbolo da vacinação no Brasil se encontrou com o responsável por criar seus traços, o artista plástico Darlan Rosa. Escultor, pintor, desenhista, professor e programador visual, Darlan nasceu em Minas Gerais, mas está radicado em Brasília desde a década de 1960. Um dos orgulhos pessoais de Darlan foi criado ainda em 1986, buscando uma comunicação direta com as crianças.

“Eu fui chamado pelo Ministério da Saúde e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância - a Unicef - para criar algo que convidasse os pais a levarem seus filhos para tomar vacina. Desde o começo pensei que queria algo com um design mais simples, para que fosse facilmente reproduzido por todos e que tivesse as crianças como protagonistas deste processo”, relata.

Darlan conta que, na época, o Brasil já fazia parte de um consórcio de países latinoamericanos unidos pela erradicação da poliomielite. A meta era concluir o feito até 1990, e por isso, o escultor desenhou duas gotinhas, representando a vacina da polio, para ser símbolo da imunização. “O personagem ainda não tinha um nome, então a gente chamava de Vax. No começo, eu o desenhei caminhando de 86 até 90, ano que precisávamos ter batido a meta”, detalha o artista plástico.

Darlan, neste período, já tinha participado de programas de televisão com histórias infantis e sabia lidar com o público de maneira educativa. “Meus personagens do programa infantil falavam sobre dormir cedo, não fumar, comer comida saudável e uma série de orientações de bom comportamento. Acabou que essa minha visão de fazer algo direcionado para as crianças ficou ainda mais forte quando fui para o nordeste e percebi que as crianças tentavam fugir da vacina, além dos pais acharem que seria o imunizante que levaria a doença aos filhos. Havia uma série de desinformação a respeito”, cita.

Darlan pontua que os comerciais realizados até então buscavam convencer os pais através do medo. “Tinha uma propaganda de aparelhos ortopédicos em uma espécie de casa assombrada e sons fantasmagóricos. Além disso, as imagens das campanhas nem sempre conversavam com todas as regiões. Um dos panfletos utilizados, por exemplo, era de uma faixa de pedestre com o inscrito: se você não vacinar seu filho, ele nunca vai atravessar essa faixa. Mas no Norte do Brasil, em uma comunidade onde os povos usavam os rios para se locomover, essa imagem não representava”, detalha o artista.

Símbolo universal

O foco de Darlan foi criar um símbolo universal, que pudesse ser facilmente reproduzido pelos profissionais de saúde e pelas próprias crianças. “Na época, tudo era feito manualmente e os profissionais do postinho desenhavam os avisos para convidar as crianças ou informar os pais, por isso, era tão importante que meu personagem fosse simples. O Zé Gotinha, nesta fase, não tinha detalhes no pezinho e na mão justamente para que fosse reproduzido por qualquer pessoa”, reforça.

O carisma do personagem foi um sucesso. O artista plástico percorreu as regiões do país em oficinas em que ensinava como desenhar o Zé Gotinha e conversava com os profissionais aplicadores de imunizantes. “Os profissionais que trabalharam comigo compraram a ideia e pediram ao Ministério da Saúde que o personagem estivesse nas campanhas, pois, nesse momento, já era algo que as pessoas conheciam e as crianças gostavam”, descreve Darlan.

A partir disso, para verificar se o personagem ia cair no gosto popular ou não, Darlan criou uma propaganda em que o mascote aparecia entristecido por ainda não ter um nome. “Ali ele fez um convite para as crianças enviarem sugestões de como chamá-lo. Foi um sucesso total. As cartas chegavam em caminhonetes nas secretarias de saúde, que faziam um filtro e, logo depois, encaminhavam para o Ministério da Saúde”, relembra o artista plástico.

Na etapa final, algumas das sugestões das crianças eram Vacinildo, Defesinha e, o que foi o grande ganhador, Zé Gotinha. “A carta escolhida com o nome era, inclusive, de uma criança aqui do Distrito Federal. Isso provou que ele estava no gosto popular e que levar informação para o adulto por meio da criança, com debates em escolas, era um caminho possível. Hoje, o Zé Gotinha está no imaginário das pessoas e representa um ícone, uma figura de credibilidade, amado por todo mundo”, observa Darlan.

O artista, no entanto, confessa que ficou desgostoso quando, em plena pandemia, o grande auxiliar na erradicação da poliomielite no Brasil, foi deixado de lado. “Eles podiam utilizá-lo como forma de levar informações pertinentes de cuidados para não contrair o vírus da Covid-19, mas ficou esquecido”, lamenta.

“Se a gente trabalhar com afinco, podemos reverter as questões das baixas coberturas vacinais que enfrentamos hoje”, garante Darlan. Para o criador do símbolo que combate doenças imunopreveníveis, a mensagem é clara: “O Zé Gotinha está aqui para atuar na parte educativa e distribuir informação. Ele tem todos os requisitos para ajudar o governo a enfrentar a atual queda na cobertura vacinal e garantir saúde à população”, finaliza.

Edis Henrique Peres
Ministério da Saúde

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